Sobre
Figueiró da Granja
Arrume-se já a questão: Figueiró da Granja vale bem mais do que um cavalo e uma mula. Mas terá sido por este valor que D. Afonso Henriques vendeu, em 1146, as terras que hoje compõem a aldeia a Egas Gonçalves. O negócio lucrativo não foi suficiente para que o comprador fizesse fé na humanidade: 15 anos depois, desiludido com o mundo terreno, Egas Gonçalves acabaria por doar o lugar ao Mosteiro Cisterciense de São João de Tarouca.
Durante quase um século, Figueiró da Granja - cujos limites geográficos se mantêm praticamente inalterados desde então - foi propriedade da Ordem de Cister, a quem os locais pagavam uma renda pela utilização de casas e terrenos. A população conquistou a autonomia em 1243, mas não perdeu a devoção - tanto que ergueu quatro capelas nos limites dos pontos cardeais da aldeia, acreditando na proteção dos vigilantes santos que nelas habitam. O espólio religioso da povoação é, aliás, vasto e ancestral, como pode ser testemunhado numa visita ao Museu Paroquial de Arte Sacra.
Mas é no Castro de Santiago que o visitante fica, literalmente, mais perto do céu. A 612 metros de altitude, o ponto mais alto de Figueiró da Granja oferece vista desafogada sobre a paisagem até ao sopé da Serra da Estrela. Por ali se encontram ainda dois penedos graníticos, transformados em recintos fortificados durante a Idade do Cobre, cerca de 3000 anos antes de Cristo. Porque, ao contrário do que se poderia pensar, a história de Figueiró da Granja não começa com D. Afonso Henriques.