Sobre
Alpedrinha
Da terra natal de D. Jorge da Costa (Cardeal de Alpedrinha) – o homem que (diz-se) conquistou a aprovação do Papa para o Tratado de Tordesilhas (1494), que repartia as riquezas do globo entre portugueses e castelhanos – não se podia esperar outra coisa: os alpetrinienses souberam escolher para si um lugar especial. Plantada na encosta sul da Serra da Gardunha (e protegida pela montanha dos ventos do norte), com terrenos férteis e água abundante, Alpedrinha – vila à qual a envolvência geográfica vale a classificação de Aldeia de Montanha – sempre foi uma terra rica e refúgio de gente abastada.
A Marquesa de Alorna chamou-lhe “Sintra das Beiras”. As razões do epíteto estão à vista de quem percorre a calçada romana desta povoação de origens pré-históricas, onde casas senhoriais de traça distinta convivem harmoniosamente com as paisagens puras da montanha. O ex-libris é o Palácio do Picadeiro, uma obra inacabada de finais do século XVIII que, após várias ocupações mais ou menos nobres (foi hospital, tribunal e tipografia), se converteu em espaço de divulgação da história e cultura locais.
O destaque do espaço museológico vai para a arte dos móveis embutidos (com gravuras encrustadas na madeira, para fins decorativos), que deu fama à terra, conquistando a nobreza e realeza nacional. Todavia, lá fora, há mais ícones da cultura local para descobrir, seja debruçado sobre as fontes e fontanários (em particular o Chafariz D. João V, às portas do Palácio), sentado na plateia do teatro mais antigo do distrito (data de 1839), ou a calcorrear a calçada romana... lembrando os pastores do norte do Tejo que ali passavam, todos os anos, desde tempos imemoriais.